quarta-feira, 17 de agosto de 2011

NOVA EPTG É IMPRATICÁVEL AOS DEFICIENTES E PEDESTRES








No dia 12 de agosto tivemos duas matérias exibidas nos noticiários locais do DF, mostrando que a Estrada Parque Taguatinga tornou-se impraticável para cadeirantes, idosos, gestantes e mesmo para os pedestres comuns.
A construção de duas pistas centrais, onde transitarão ônibus com portas no lado esquerdo (isso mesmo, lado esquerdo!) alargou o espaço a ser atravessado pelos pedestres. Além disso, como se trata de uma estrada, suas passarelas estão a quase 10 metros de altura, com oito lances de escadas e rampas.
O tema foi abordado tanto pelo DFTV 2ª edição e pelo DF Record. Fizemos a simulação-real, em que convidamos pessoas sem problemas de locomoção a usarem equipamentos que simulam dificuldades de locomoção: cadeiras de rodas para quem anda normalmente; pesos para simular gravidez; travas de joelhos para simular velhice e vendas para simular cegueira.
O caso mais gritante foi o dos cadeirantes, em que somente um dos voluntários conseguiu subir os oito lances de rampas de uma das passarelas da EPTG. Ao concluir, deu uma entrevista ao DFTV, admitindo que isso era absurdo, pois ele é ciclista, estava acostumado a fazer esportes e não conseguiria fazer esse percurso todo dia.
Foi uma pena os dois jornais não terem enfocado a questão dos ônibus de portas do lado esquerdo, que são os causadores das passarelas, do alargamento da EPTG e da impermeabilização da área.



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sem Tempo para o Trânsito

Sem Tempo para o Trânsito

Esse artigo é uma colaboração do colega Paulo Ricardo Meira

"Usem o tempo da melhor maneira possível a despeito de todas as dificuldades destes dias." (Efésios, 5:16, in Bíblia)


A passagem indevida no sinal vermelho é uma das mais mais comuns infrações de trânsito no Brasil.
Apenas como exemplo, no Estado do Rio Grande do Sul, é a sexta infração de trânsito mais cometida, tendo até o momento, em julho de 2011, acumulado 46 mil ocorrências somente neste ano - foram 90.694 ao longo de 2010 - e é um hábito dos mais perigosos à integridade física no trânsito.

Veja-se, para ilustrar, o acidente que misturou uma advogada de 27 anos e seu SUV, e um empresário com um Porsche, ambos esmagados junto a um poste em uma avenida. Por que motivo furamos o sinal?

Trata-se, a meu ver, de uma pressa desmedida, na qual não damos ao trânsito seu necessário tempo. Como escrevi certa vez, ao planejarmos nosso dia, em geral alocamos nosso tempo com base nas tarefas e compromissos dedicados a esse dia. Nosso cronograma é assim baseado nas atividades, contudo não prevemos os hiatos de tempo que seriam necessários para nos colocar fisicamente presentes para essas atividades. Não destinamos, portanto, um tempo ao trânsito.

Pensamos nos compromissos em si, mas o tempo do trânsito a gente dá um jeitinho. Em geral, um jeitinho brasileiro. Pensamos que pressionar o motorista de táxi resolve, pensamos que um pé mais pesado no acelerador de nossos veículos também resolve, afinal, já que precisamos com certeza o trânsito estaria desobstruído para nós, não?

É aí que entramos em uma das maiores armadilhas do trânsito: a pressa. Como nosso planejamento levou em conta nossos deveres, sem entretanto a devida importância ao nosso deslocamento para chegar até eles, nossa agenda fica atrasada. Os compromissos são, via de regra, inflexíveis, sem possibilidade de adiamento. Portanto, o que sobra para interferirmos, como senhores do tempo, é o trânsito. Transformamos, mentalmente, os automóveis em máquinas do tempo que poderiam nos levar, quase em teletransporte, ao local que precisamos em questão de minutos.

A partir daí, qualquer costura na via pública, para ganhar uns metros, vale a pena o risco de mudança de pista. Qualquer sinal amarelo vale a pena o risco do aproveitamento. Qualquer cruzamento deixa de ser visto como um perigo em potencial para dar passagem à nossa pressa, afinal de contas os demais condutores entenderão, pois estamos, excepcionalmente hoje, atrasados. Assim, ganharemos trânsito livre e preferência em nossa corrida maluca com destino aos nossos compromissos.

Pena que os demais também estão com o mesmo dilema. Em vez de encarar o trânsito como um ato social, com um tempo merecido e certas convenções a serem observadas, encaramos como um inconveniente passageiro do qual tentamos o mais rapidamente sair.
Quanto maior nossa pressa, maior também o nível de risco que estamos dispostos a correr, sempre sabemos que vamos nos organizar melhor no dia seguinte. Mas nada como chegar inteiro, por sorte, para nos causar uma provável amnésia em nossas efêmeras resoluções.

Será que, com o tempo, mudaremos, e passaremos a usar nosso próprio tempo como sabedoria, como exortado em Efésios?

Paulo Ricardo Meira é Doutor em Marketing pelo PPGA/UFRGS e Consultor da Fenasdetran