segunda-feira, 5 de março de 2012

E a TCB? E o Metrô-DF? Por que o Planejamento de Transportes do DF não inclui suas próprias empresas de transporte?

Um dos poucos novos ônibus da TCB

No dia 05 de março, pela manhã, conversamos na CBN com o âncora Estevão Damásio e o prof. Flávio, mestre em Transporte pela UnB. Escrevi rapidamente o post anterior, sobre a licitação dos ônibus e esqueci uma coisa muito importante: a TCB.

A Transporte Coletivos de Brasília foi uma das maiores empresas de transporte público do DF. Operava linhas como a Grande Circular, W-3 Sul/L-2 Sul, W-3 Norte/L-2 Norte, Lago Norte, UnB e várias outras. Chegou a ter 300 ônibus.

Desde 1996, a TCB foi sendo sucateada, ora pelo não pagamento de seus impostos, que lhe causaram a atual dívida fiscal e trabalhista, ora pela entrega gratuita de suas linhas às empresas particulares de transporte (entre 2004 e 2006).

Em 2010, a empresa estava para ser fechada. Em 2011, o novo governo do DF resolveu retomar a empresa e novos ônibus lhe foram comprados, para uma pequena linha pela avenida das Nações. A promessa era que em 2012 150 ônibus da TCB estariam rodando, com sistema de integração com o Metrô-DF.

Pouco depois, o GDF retomou para si a operação dos passes e vales transportes, realizada pelos empresários de ônibus no sistema "Fácil", que de fácil não tinha nada! Diminuíram muito as filas e reclamações dos passageiros, que eram sabotados no seu direito de comprarem vales-transportes.

Ou seja, o GDF tinha a TCB (a empresa de ônibus), o Metrô-DF e a Fácil (a empresa de passes e vales-transporte). Estava com a faca e o queijo na mão para implantar o início da integração metrô-ônibus-vans.

Só que parou aí. O GDF fez um estudo que concentrou todas as linhas de ônibus em apenas cinco empresas (ou consórcios) e excluiu a TCB de qualquer projeto. Pior: excluiu o Metrô-DF como Veículo Troncal de Transporte Rápido de Massa. Também excluiu a Fácil.

E agora, adia mais uma vez a implantação da integração metrô-ônibus, prometendo só para depois da entrada em serviço dos ônibus do novo oligopólio, a implantação da integração.

Por último, ao conceder linhas de ônibus por 10 anos, renováveis por outros 10 anos, ligando o Plano-Piloto ao Gama, Santa Maria e Riacho Fundo, o GDF está suspendendo por 20 anos qualquer construção da linha de metrô para o Gama, Santa Maria e Riacho Fundo.

Ao conceder linhas ligando o Plano-Piloto às Cidades Satélites, o que o GDF está fazendo é abandonar todo o projeto de interligação do DF pelo metrô e anunciando que o brasiliense terá de andar de ônibus pelos próximos 20, 30 ou 40 anos.



Nova Licitação de Ônibus no DF - Quais Problemas?

EPNB: Congestionada, mesmo com corredores de ônibus

Via São Paulo-Diadema: Corredores de Ônibus igualmente congestionados



Vamos ser curtos, pois em internet, ninguém tem tempo para textos demorados:

1- O modelo de ônibus para o DF, lançado dia 02 de março pelo governo do DF, é um modelo obsoleto e ineficiente. Além disso, concentrará as atuais 11 ou 12 empresas de ônibus em apenas cinco empresas. Isso tornará o atual oligopólio em algo muito mais pernicioso à população.

2- O DF tem 2,5 milhões de habitantes. Mais a população do Entorno que vem diariamente para trabalhar e estudar, chega-se a quase 3 milhões de pessoas. Como essas pessoas vão caber nas ruas, em carros, ônibus e motocicletas?

3- Os corredores de ônibus apenas espremem os automóveis e motocicletas e liberam a pista para ônibus que terão de disputar espaço dentro do Plano-Piloto e dentro das Cidades Satélites. O ganho de tempo dos corredores é perdido quando os ônibus entrarem nas ruas e ficarem presos nos congestionamentos.

4- A licitação para a formação das "bacias", que serão entregues apenas a cinco empresas, não é uma vantagem. É uma desvantagem, pois essas empresas terão 20, 25 ou 30 anos de monopólio em cada bacia, sem concorrência.

5- O modelo correto era a licitação por linhas (ou frota), em que cada linha tivesse duas ou mais empresas efetuando o serviço, gerando concorrência entre si e beneficiando a população.

6- O mais grave é o abandono ao projeto do Metrô e do VLT. O Metrô deveria construir sua linha subterrânea para a Asa Norte e a linha de superfície de Santa Maria-Gama-Riacho Fundo-Taguatinga Norte. De Taguatinga Norte poderia ser estendido até a Ceilândia, via subterrânea sob a avenida Hélio Prates.

7- O VLT passaria pela W-3, pela rua (e não sobre o canteiro central!), retirando obrigatoriamente todos os ônibus da W-3, acabando com a poluição que degradou aquela via.

7- Além disso, outra linha de VLT seria implantada ligando Taguatinga Sul a Taguatinga Norte via avenida Comercial, igualmente retirando os ônibus do centro de Taguatinga, acabando com a grande parte da poluição sonora e atmosférica.

8- Por último e não menos importante, é a questão da Integração Metrô-Ônibus-Vans. Desde 1989 está prevista a implantação da Integração, que é usar uma única passagem, de preço razoável, para dois ou mais Meios de Transportes. Isso não ocorreu até hoje pois implica em abrir o caixa das empresas de ônibus, para repartir o dinheiro ao final de cada dia.

9- Com a Integração, a passagem paga é dividida entre os meios de Transporte que o passageiro usou naquela passagem. E isso obriga que os caixas do Metrô, dos Ônibus e das Vans sejam abertos e auditados. Com certeza acabaria acabaria com a afirmação dos empresários de ônibus de que "trabalham com prejuízo".

10- Essa Integração é prometida há 23 anos! Basta ocorrer, antes de qualquer licitação, que o sistema de Transporte Público já vai melhorar, pois as pessoas vão montar seus trajetos de acordo com sua necessidade e não pela limitação de linhas e dos preços das passagens.