quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Projeto do VLT de Brasília impede a Mobilidade Urbana




















Na foto acima, vemos a região da W-3 Sul, entre as quadras 306 e 307 Sul. Percebam que estão marcados em grená os locais onde há retornos ou cruzamentos, que serão bloqueados por conta do projeto do VLT sobre o canteiro central.

Além de derrubar todas as árvores do canteiro central (reduzindo a oxigenação), o VLT impedirá a circulação dos pedestres e veículos que cruzam a W-3 Sul, tanto para as quadras superiores como para a quadras inferiores.

Isso é um contra-senso, pois todo projeto de VLT privilegia a circulação simplesmente pelas ruas, onde são lançados os trilhos. O VLT é apenas um bonde moderno, que ao entrar em operação, torna obsoleto o tráfego de ônibus.




















Observe-se a foto acima, de um VLT italiano. Observe-se que ele circula na própria rua, fazendo parte do tráfego. Seu custo de implantação é relativamente baixo e seu impacto é igualmente baixo.

O VLT italiano circula por regiões de patrimônio histórico e cultural, sem emitir gases ou ruídos de motores à explosão. Ou seja, condições semelhantes às de Brasília.

Agora, compare-se com o modelo do VLT de Brasília, que apesar de parecer belo na ilustração, será construído sobre uma via central, acima da altura da rua. Isso além de impedir a passagem de pedestres e veículos, que desejem cruzar a rua ou fazer retorno, cria uma solução esdrúxula: portas que se abrem para o lado esquerdo, com a construção de estações no canteiro central.

Vejam na ilustração. do próprio Metrô-DF. que são construídas estações no canteiro central, isso impede que as pessoas nas calçadas possam pegar o VLT.

Embora na ilustração pareça que o projeto seja belo e eficiente, essa paisagem não existe no Distrito Federal. Onde estão áreas gramadas verdes são prédios comerciais e residências, com ruas que serão bloqueadas com a via elevada dos trilhos, que não é mostrado na ilustração.

Essa solução de projeto é um obstáculo à mobilidade urbana, pois além de impedir a circulação de pessoas e veículos, ainda implanta um sistema de entrada e saída de passageiros oposto aos pontos de ônibus e oposto às calçadas.

No momento (16/09/2010), as obras na W-3 estão interrompidas pela Justiça. O Ministério Público conseguiu pela 3ª vez a interrupção das obras, pois há suspeitas de fraude na elaboração da concorrência de seu projeto.



quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A Linha Verde que é Cinza

Para explicar por que a obra da Linha Verde, a duplicação da EPTG é um desperdício de recursos públicos (dinheiro e tempo), é necessário contar um pouco da história do metrô de Brasília.

A principal razão para a criação do metrô no Distrito Federal -como em qualquer outra cidade do mundo - foi a saturação do transporte rodoviário. No caso do DF , a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) principal via de ligação de Brasília às cidades satélites de Samambaia, Ceilândia, Taguatinga, Águas Claras e Guará estava caminhando para a saturação e se tornava inviável para o transporte

Em 1990, um grupo de trabalho, chamado Grupo Executivo do Metrô, dirigido pelo secretário de Obras José Roberto Arruda, apresentou o relatório final, comprovando a incapacidade da EPTG fazer o transporte da população e apontando o veículo rápido de massa (metrô) como a solução.


















Imagem da EPTG, a futura "Linha Verde",
que antes de funcionar, já demonstra a
saturação do transporte rodoviário e o
gasto inútil de R$ 250 milhões

A explicação era simples: um trem de metrô leva 1.350 passageiros a cada 3 minutos de intervalo a uma velocidade de 80 km/h. Um ônibus bi-articulado lotado leva até 120 passageiros a cada 3 minutos de intervalo a 30 km/h ou 40 km/h.








Um ônibus bi-articulado, com
motor poluente atmosférico e
sonoro, leva no máximo,
120 passageiros.









Um trem de metrô de 4 carros, movido a eletricidade, sem
emissão de gases ou poluição
sonora, leva 1.320 passageiros.

O governador Joaquim Roriz assinou o relatório apresentado pelo secretário Arruda e abriu a licitação que deu origem à construção do Metrô-DF.

Em 2007, o governador José Roberto Arruda assinou um empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, endividando o DF, para realizar uma duplicação da EPTG. Custo total anunciado da obra: R$ 250 milhões.

Mas como se gasta 250 milhões com uma obra que ele mesmo havia mostrado que seria inócua e desnecessária? Por que gastar tal fortuna em uma obra que é apenas a duplicação de uma estrada, com o uso das pistas centrais para um corredor de ônibus com padrão de portas e acesso fora dos padrões brasileiros?

Como se gasta R$ 250 milhões em uma obra que será inútil, pois o próprio construtor sabe que o transporte rodoviário está saturado e não há solução a não ser o transporte rápido de massa?

Essa pergunta é a pergunta dos técnicos em transporte que viram esse projeto ir adiante.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Abertura de Meio Ambiente e Transporte

A necessidade de fazermos uma ligação entre o Meio Ambiente e o setor de Transportes é uma das propostas do Relatório do Comitê Internacional de Mudanças Climáticas da ONU - o famoso IPCC. Vamos tentar fazer esse Blog ser um local para essas discussões.

O setor de transportes gera emissões de Gases Efeito Estufa (GEE), como CO2, CO, SF6, NH4 e N2O, através da queima dos combustíveis nos motores.
Além disso, os automóveis e a indústria automobilística consomem um percentual altíssimo de toda a energia elétrica produzida mundialmente.

Em países como a China, Estados Unidos, Rússia e a na Europa, a eletricidade é gerada em usinas nucleares e usinas termoelétricas.
Isso incide duplamente na geração de Gases Efeito Estufa: primeiro, se emite poluição para produzir os automóveis e fabricar seus combustíveis; em segundo, se emite mais poluição ainda, queimando esses combustíveis nos automóveis.

Além disso, o modelo de Transporte calcado nos Automóveis e nos Ônibus é o principal causador de uma série de catástrofes do século XX: impermeabilização do solo urbano, inundações, mudança climática das áreas urbanas e mesmo não-urbanas, doenças da poluição (cânceres, enfisemas, abortos), além da degradação das áreas em que circulam os Automóveis, Ônibus e Caminhões.

Como o Brasil sediará a Copa de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016, temos de impedir que propostas de transporte baseadas em corredores de ônibus com motores a explosão sejam adotadas como a solução do século XXI.

É isso.