segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A CONTA DA IMPORTAÇÃO DO DIESEL TAMBÉM DESEQUILIBRA A PETROBRÁS E A BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA.

O modelo de Transporte Rodoviário destrói a qualidade de vida urbana, multiplica o consumo de combustíveis, causa 40 mil mortes por acidentes/ano, 50 mil mortes por doenças/ano e em breve poderá desequilibrar a economia brasileira.


Dentro de mais alguns dias publico a segunda parte do estudo sobre as importações de combustíveis que a Petrobrás vem realizando para a crescente frota brasileira de carros, ônibus e caminhões.

Como o governo federal e os governos estaduais optaram pelo modelo rodoviário de transporte, o pulo de 29 milhões de veículos (ano 2000) para 72 milhões (ano 2012) está causando um consumo de combustível nunca previsto pelo planejamento da Petrobrás.

Se a importação de gasolina já causou um rombo de mais de R$ 9 bilhões em 3 anos, a importação de diesel segue caminho semelhante, com números (em confirmação) de mais de R$ 6 bilhões nos últimos três anos.

Não há possibilidade da Petrobrás não ter de repassar esses prejuízos ao preço dos combustíveis. E não há possibilidade desse aumento de preços não causar inflação.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O INCENTIVO AO TRANSPORTE INDIVIDUAL OBRIGA A PETROBRÁS IMPORTAR GASOLINA.
CONSEQUÊNCIA: GASTOS DE R$ 9 BILHÕES E RISCOS À ECONOMIA BRASILEIRA

Desde 1999 a Petrobrás não tinha um prejuízo em suas contas. E no segundo trimestre de 2012 registrou um prejuízo de R$ 1,3 bilhão. A causa? A importação mensal de mais de 2 milhões de litros de gasolina para abastecer a frota de automóveis que cresce à razão de 3,5 milhões de carros por ano.

Até 2009, o Brasil era praticamente autossuficiente em gasolina. Mas os estímulos do governo à indústria automobilística, combinados com as quase inexistentes políticas transporte público levaram ao brasileiro a optar por comprar automóveis a usar os sistemas de transportes públicos das cidades brasileiras.

Se em 2000 o Brasil tinha pouco mais de 29 milhões de veículos (carros, motos, ônibus e caminhões), em 2012 o tamanho da fota nacional de veículos já ultrapassava os 72 milhões. A consequência mais óbvia pode ser vista nas cidades brasileiras: 260 km de congestionamentos em São Paulo e 160 km de congestionamentos no Rio de Janeiro, só para citar as duas maiores cidades brasileiras.

E muita, muita poluição e acidentes. Só em 2010, mais de 41 mil mortos em acidentes.

E essa frota de automóveis é sedenta de combustíveis: gasolina, álcool e diesel. No caso específico da gasolina, em 2012 foram necessários importar mais de 3,5 bilhão de litros para satisfazer esses milhões de carros e motocicletas. Em 2011 o Brasil gastou US$ 1,6 bilhão em importações de gasolina e em 2012 o Brasil gastou US$ 2,91 bilhões. Usando uma taxa de câmbio média de  R$ 2,00 para cada US$ 1,00 , a Petrobrás teve de importar mais de R$ 9 bilhões em gasolina. 

São R$ 9 bilhões de prejuízo na balança externa brasileira. E o problema não acaba aí. É e será muito mais grave.

A Petrobrás não pode ficar engolindo esse prejuízo sem repassar ao preço da gasolina. E como o Transporte Público brasileiro está concentrado nos automóveis, motocicletas e ônibus e não nos Metrôs, VLTs e Ônibus Elétricos, o repasse do prejuízo da importação da gasolina desencadeará uma inflação a todos os produtos relacionados com o transporte: mão-de-obra, alimentos, eletrodomésticos etc.

Um aumento de 15% no preço da gasolina pode causar uma inflação inicial de 2% a 4% em menos de dois meses. E isso afeta às contas públicas, na medida em que a dívida pública de  R$ 1, 9 trilhão (um trilhão e novecentos bilhões de reais) em setembro de 2012,  tem grande parte dela indexada à correção da inflação. 

Ou seja, a dívida pública aumentará por conta da inflação, podendo chegar e ultrapassar os R$ 2 trilhões em poucos meses


Gasolina A se refere à gasolina pura, que será misturada com álcool (etanol), para fazer a mistura que é o padrão do combustível brasileiro


E se a frota de Automóveis continuar a crescer?


E com o crescimento da frota de automóveis, já que o governo federal isenta o IPI e governos estaduais isentam os carros novos de IPVA (como o Distrito Federal), a necessidade de importar gasolina não diminui.

Segundo o Secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério das Minas e Energia, Marco Antônio Almeida, em 29 de agosto de 2012, o Brasil, através da Petrobrás terá de gastar até R$ 58 bilhões em importações de gasolina até 2020 se o crescimento da frota nacional de veículos continuar na proporção atual.

É importante frisar que esse problema não foi criado pela Petrobrás. Muito pelo contrário, ele caiu no colo da empresa por mau planejamento governamental, que preferiu gastar em corredores de ônibus e incentivos à indústria automobilística.

Como a Petrobrás, que está investindo mais de R$ 100 bilhões na exploração do Pré-Sal, na aquisição de navios petroleiros, de navios-plataforma, na construção de duas mega-refinarias pode desviar ou interromper esses investimentos sem quebrar?

A armadilha do transporte individual motorizado vai levar o Brasil inexoravelmente a uma crise, com a retomada da inflação. E não se pode deixar de mencionar que vai-se chegar a um momento em que as vendas de automóveis vão se estagnar, pois ninguém consegue dirigir dois veículos ao mesmo tempo.

É o que houve nos Estados Unidos, onde cidades dependentes da indústria automobilística, como Chicago, faliram pelo esgotamento da compra de automóveis.

Financeiramente, não há como a Petrobrás absorver a conta da importação da gasolina sem repassar ao preço da gasolina vendida ao consumidor. E não adianta apontar a substituição da gasolina pelo álcool, pois teria-se de dobrar a área plantada em menos de três anos. E novamente após outros seis anos. E isso seria feito através da substituição das lavoura de milho e soja, o que gerará outra cadeia inflacionária pela diminuição brutal da oferta de alimentos.

Segundo empresários do setor canavieiro, seriam necessários R$ R$ 130 bilhões de investimentos para que a indústria da cana pudesse atender essa demanda de combustível. Isso é pouco menos que a necessidade das 10 maiores cidades brasileiras implantarem 20 novas linhas de metrôs a um custo médio de R$ 5 bilhões por cada nova linha.


     Metrôs , VLTs, Ônibus Elétricos, Bicicletas e Pedestres são a solução inteligente para a Mobilidade Urbana 
                                                                             
Metrôs, VLTs, Ônibus Elétricos e Energia Alternativa

E é exatamente aí que está a grande chave que pode resolver essa crise que virá: se o Brasil trocar o modelo de transporte individual motorizado (carros e motocicletas) e de corredores de ônibus por Metrôs, Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) e Ônibus Elétricos, a necessidade por mais gasolina (e álcool e diesel) irá parar e em seguida diminuirá.

Se a cada ano pudermos diminuir 2% dos veículos individuais por Transporte Público de Qualidade, no primeiro ano a importação de gasolina irá estabilizar. No segundo ano em diante, irá diminuir a importação na mesma proporção e pressão nas contas diminuirá igualmente.


E a questão da Energia Elétrica? Como suprir Metrôs, VLTs e Ônibus Elétricos, se o Brasil está passando por seguidos apagões?

O Brasil tem uma manutenção precária no setor de transmissão de energia. A perda de corrente dentro do sistema de distribuição é um prejuízo que é sempre omitido pelos governantes, que preferem gastar em obras do que em manutenção.

 Pegando novamente o caso de Brasília como modelo, a companhia estadual de eletricidade (CEB) tem seguidamente derrubado o fornecimento de energia no DF. E ao mesmo tempo, construiu uma hidroelétrica em Corumbá (GO) para suprir as necessidades do DF até 2060. A causa é simples: a manutenção está sucateada.

No caso do Brasil, há ainda o potencial inexplorado da energia eólica, já estimado em mais de 1 GigaWatt (1.000 megawatts). Isso sem mencionar parques eólicos como o de Caetité (BA), que mesmo estando prontos, não podem enviar sua energia pois a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) não construiu os 120 km das linhas de transmissão. 


Além disso, ao se retirar de circulação ônibus, carros e motocicletas, as temperaturas dos grandes centros urbanos irá cair. Em São Paulo, os dias de pouca circulação de automóveis são acompanhados de melhoria nas condições atmosféricas. Nesses dias, o consumo de energia cai igualmente.

Isso diminui a pressão do uso de ar condicionados, que é um dos maiores sugadores urbanos de energia elétrica. E essa energia poderá ser usada pelos Metrôs, VLTs e Ônibus Elétricos.

Com a diminuição dos veículos em circulação, a Mobilidade aumentará, assim como diminuirão os acidentes e as doenças relacionadas à poluição. Novamente diminuirá o custo social que o trio Carros-Ônibus a Diesel-Motos causa ao Brasil. 

Há vários anos estamos tentando convencer às autoridades de planejamento que a cilada do Transporte Individual e dos Corredores de ônibus levará o Brasil a uma forte crise. Fomos à audiências públicas no Senado Federal, nos Ministérios Públicos, nos executivos Federal e do Distrito Federal e o lobby automotivo sempre ganhava.

Agora, se os governos não reverterem as políticas de Transporte Individual e de Corredores de Ônibus, a economia brasileira poderá quebrar. Esperamos que agora estejam mais propensos a nos escutarem.






terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Elefantes cor de abóbora

A Relação entre Governantes, Especulação Imobiliária,Corredores de Ônibus, VLTs e Metrôs na cidade do Rio de Janeiro                                                      





          Um absurdo passou batido pelas festas de final de ano, mas ainda é tempo de resgatar a barbaridade. Em 17 de dezembro passado, juntaram-se o filho do bilionário americano Donald Trump, a Caixa Econômica Federal e o sempre sorridente prefeito do Rio para anunciar que um elefante cor de abórora será construído na Zona Portuária do Rio. O bichão esquisito vai andar da seguinte maneira.
          Pelo que anunciou a trupe do Trump, no segundo semestre começam a ser construídas na degradada zona portuária da cidade duas torres comerciais de 38 andares cada, com 150 metros de altura.
         O negócio será dividido da seguinte forma: Trump entra com o nome e a Caixa, com algo entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões - dinheiro que, pela missão da empresa, deveria ser alocado em saneamento e habitação.
         O R$ 1 bilhão de dinheiro público de diferença entre os dois prováveis orçamentos sabe-se lá para onde vai.
        Já Eduardo Paes, o prefeito do bota acima, vai se encarregar de fazer o elefante abóbora passar lépido entre o emaranhado de instâncias de licenciamento.
        Pelo previsto, esse animal esquisito deve ficar adulto em 2016 – número mágico, o do ano das Olimpíadas na Cidade. Até lá, esse número que identifica a febre obreirística que encanta governantes e suas empreiteiras seguirá justificando o andamento de uma manada inteira de elefantes abóboras na Cidade Maravilhosa.
       Outro desses paquidermes hipetrofiados em custos, o dos corredores rodoviários expressos que já abrem buracos na pista poucos meses após sua inauguração, venceu sabe-se lá como a disputa com outros modais muito mais ecologicamente corretos e adequados aos transportes realmente de massa, como metrôs de superfície.
       Depois do esburacado Transoeste, outros dois elefantes cor de abóra – a Transcarioca e a Transbrasil – estão a pleno vapor, para júbilo de construtoras e tesoureiros de campanhas eleitorais.
       Para completar o faz e desfaz, o sorridente Paes inventou outra, por assim dizer, digna de nota (fúnebre). Cerca de cinco anos após ser construído, outro patrimônio público pode vir abaixo. Trata-se da Vila Olímpica da Gamboa, que atende a quase 2,5 mil pessoas, quase todas residentes no Morro das Providência.
       A desculpa para a destruição desse enorme espaço de esporte, na cidade que hospedará partidas da Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos dois anos depois, é construir ali o Centro Integrado de Operação e Manutenção do Veículo Leve Sobre Trilho (VLT) que vai servir a Zona Portuária.
       Detalhe importante de mais este elefante cor de abóbora: a Vila é pública. O VLT nascerá privatizado.

Carlos Tautzjornalista, coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e controle cidadão de governos e empresas.