sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

POR QUE UM CONCURSEIRO TEM DE MOSTRAR BONS ANTECEDENTES PARA TRABALHAR NO GOVERNO E UMA EMPRESA DE ÔNIBUS NÃO PRECISA?

As empresas de ônibus do DF possuem dezenas de processos, vários abertos pelo pelo próprio Governo do Distrito Federal e pelo Ministério Público, por não cumprirem suas mínimas obrigações, como transportar passageiros com dignidade e não pagar os impostos. 

           
            Vamos pegar as empresas de transporte de passageiros do DF dos três grandes, Valmir Amaral, Nenen Constantino e Wagner Canhedo. Todas respondem a dezenas de processos, algumas até centenas de processos na Justiça do DF. 

            A Viação Pioneira (da família Constantino) tem 127 ações na primeira instância. São quase 90 processos de Execução Fiscal por não pagamento de impostos, multas e outras obrigações fiscais. Essa Viação Pioneira é justamente apontada pelo Governo do Distrito Federal como a vencedora do primeiro lote de cinco áreas em licitação para operar no DF, com exclusividade pelos próximo 20 anos. A Pioneira possui até um pedido de falência. 

           A família Constantino possui outras empresas no DF, o que expande ainda mais a lista de problemas na Justiça. Mas utilizamos o nome da Pioneira por ser o da empresa que foi inscrita e sagrada vencedora na licitação de transportes do DF.    

              Para consultar, é só colar o endereço abaixo na janela de eu navegador:

http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?NXTPGM=tjhtml101&CIRC=ZZ&ORIGEM=INTER&SELECAO=2&CHAVE1=&submit=ok&CHAVE=Via%E7%E3o+Pioneira
Motorista com ônibus da Viação Pioneira atropela e mata jovem em junho de 2010.
Fonte: http://onibusrmtca.blogspot.com.br

           
            A VIPLAN (da família Canhedo), tem 412 ações na primeira instância. Há um equilíbrio entre as ações de execução fiscal nas Varas de Fazenda Pública e de indenizações / cobranças nas Varas Cíveis. A VIPLAN é cobrada por não pagamento de impostos, apropriação das verbas trabalhistas, acidentes de trânsito, não pagamento de fornecedores etc. 

            A família Canhedo tem outras empresas de transporte em Brasília, como a Condor, por exemplo. Igualmente, ao se consultar o nome da Condor, a lista de problemas na Justiça se amplia extraordinariamente. O endereço da pesquisa realizada com o nome VIPLAN foi o abaixo:

http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?CIRC=ZZ&ORIGEM=INTER&CHAVE1=&SELECAO=2&CHAVE=VIPLAN&NXTPGM=tjhtml101&submit=ok

Ônibus da VIPLAN capotado na BR-040 em outubro de 2010.
Foto publicada no site:http://onibusrmtca.blogspot.com.br

          Já a empresa Rápido Veneza possui 14 ações e a empresa Veneza Transportes possui 13 ações na Justiça do DF. Essas empresa são ligadas à família Amaral, que participa -  obviamente - licitação de transporte do DF. A empresa maior do grupo, a Rápido Brasília,  possuiu 209 processos na Justiça do DF. Os endereços da consulta foram os seguintes:

Rápido Brasília: 
http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?submit=ok&CHAVE1=&CIRC=ZZ&SELECAO=2&NXTPGM=tjhtml101&CHAVE=R%E1pido+Brasilia&ORIGEM=INTER 

Rápido Veneza:
http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?ORIGEM=INTER&NXTPGM=tjhtml101&CHAVE=R%E1pido+Veneza&CHAVE1=&submit=ok&CIRC=ZZ&SELECAO=2

Veneza Transportes:
http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?ORIGEM=INTER&NXTPGM=tjhtml101&CHAVE=Veneza+Transportes&CHAVE1=&submit=ok&CIRC=ZZ&SELECAO=2
  Acidente envolvendo ônibus da Rápido Brasília na Ponte JK em setembro de 2012.
Foto: http://brasiliatransporte.blogspot.com.br/
           
         Então, percebe-se que o GDF usa de dois pesos e duas medidas. Para o concurso para soldados da PM de 2009, o GDF exigiu a conduta ilibada, o que significa não estar respondendo a processos na Justiça, mesmo os que não foram julgados em última instância, os "transitados em julgado". Isso faz parte da "Sindicância da Vida Pregressa e Investigação da Vida Social", em que cada candidato aprovado é investigado. Se possuir algo que o desabone, mesmo não sendo uma condenação definitiva, o candidato não pode permanecer na PM.

        Há casos de soldados que, já estando servindo dentro da PM, foram excluídos pois as investigações mostraram que eles ou elas tinham amizades e relações com criminosos, embora nada tivessem negativo em sua certidões da Justiça.

         E se formos utilizar as multas aplicadas pelo próprio GDF contra as empresas de ônibus? Por que o motorista que não pagar as multas devidas tem o carro apreendido e os donos das empresas podem manter seus ônibus rodando com multas de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012, e em péssimos estado?
Mais de 12 milhões em multas não pagas.
Fonte: DFTrans


        O que se pode esperar de empresas que respondem a centenas de processos, indo de dívidas à indenizações a passageiros? Será que essas empresas terão preocupação com os passageiros?

      O que se pode esperar de empresas cujos proprietários respondem a processos criminais por assassinato? Será que haverá preocupação com conforto, segurança ou rapidez?

           O que pode esperar de empresas cujos proprietários respondem a processos criminais até mesmo ligados à Operação Monte Carlo, aquela que levou o bicheiro Carlinhos Cachoeira à condenação? Pagamento dos impostos devidos?

        Não é possível que o GDF entregue o serviço de transporte pelos próximos 20 anos a esses empresários, sob a alegação de que os processos não transitaram em julgado. Chega a ser um escárnio com a população que mora em cidades como Santa Maria e Gama, que não vai mais ter metrô, para os ônibus não terem concorrência até 2034!

sábado, 22 de dezembro de 2012

E A NOVA LICITAÇÃO DOS ÔNIBUS DO DF JÁ TEM O PRIMEIRO VENCEDOR: A VELHA PIONEIRA DE NENEN CONSTANTINO

ANUNCIADA COMO A RENOVAÇÃO DO TRANSPORTE DO DF PARA OS PRÓXIMOS 20 ANOS, A LICITAÇÃO QUE ANUNCIAVA SOMENTE EMPRESAS NOVAS, MOSTRA A VELHA HISTÓRIA DE BRASÍLIA TER O TRANSPORTE DOMINADO POR TRÊS FAMÍLIAS

Constantino, Canhedo e Amaral. Há 30 anos esses três senhores monopolizam o transporte do DF. E devem conseguir mais 20 anos. 

             Falaram, falaram, falaram e deu exatamente o que havíamos anunciado. O primeiro lote da primeira área do trasporte de ônibus do DF foi ganho pela empresa Pioneira, de propriedade da família de Nenen Constantino. O edital não aceitaria empresas em situações irregular e no caso, a Pioneira tem mais de 50 processos de Execução Fiscal na Justiça do DF, até com seu pedido de falência. Basta consultar o seguinte endereço do TJDFT:  

http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?
SELECAO=2&ORIGEM=INTER&NXTPGM=tjhtml101&CHAVE1=&submit=ok&CIRC=ZZ&CHAVE=Via%E7%E3o+Pioneira

Essa licitação tem desdobramentos terríveis para o Distrito Federal:

1- Elimina qualquer possibilidade concorrência entre as empresas, o que seria bom para os passageiros. Cada empresa vai ficar com uma área somente para ela, por 20 anos. O DF foi dividido em 5 áreas e a Pioneira ganhou a área 2 (chamada de Bacia 2): Gama, Paranoá, Santa Maria, São Sebastião, Candangolândia, Lago Sul, parte do Park Way, Jardim Botânico e Itapoã. 

2- O Governo do DF chegou ao ponto de prometer que a empresa de ônibus do governo, a TCB não iria participar, o que lhe condena a fechar em breve, por absoluta falta de linhas rentáveis.

3- O Governo do DF igualmente prometeu que o metrô não seria mais construído para o Gama, Santa Maria, Riacho Fundo, Sobradinho, Planaltina, Colorado, final da Asa Norte, entre outras localidades, eliminando a única possibilidade dos passageiros dessas regiões terem um transporte mais rápido, barato e eficiente pelos próximos 20 anos.

4- Mais uma vez elimina-se a implantação imediata da integração do metrô com os ônibus, o que baratearia as passagens.

Modelo dos novos ônibus com piso alto, que o GDF pretende usar como padrão para os próximos 20 anos. É uma piada, mas não é tão longe da realidade. 


               E o pior ainda está para vir: as outras quatro áreas estão em andamento, tornando o DF em um grande oligopólio desse grupo de empresas familiares de transporte rodoviário. O Oligopólio é a junção de vários monopólios.E o monopólio é quando uma única empresa consegue atuar sozinha, sendo ela capaz de ditar os preços e a qualidade (péssima, no caso) de um produto ou serviço.

               
               


terça-feira, 18 de dezembro de 2012


Desaba a Primeira Passarela do Corredor de Ônibus do Gama e Santa Maria
Foto de Adauto Cruz / CB, mostrando o dia seguinte: uma carreta foi atingida, mas o motorista escapou com pequenos ferimentos. E se houvesse pedestres?

              O desabamento da passarela de pedestres sobre o corredor de ônibus do Gama / Santa Maria / Plano-Piloto acende a luz vermelha sobre a qualidade técnica desse projeto. O Governo do Distrito Federal chama esse projeto de corredor de ônibus pelo nome de "BRT Eixo Sul". 
             Mas na verdade é apenas uma  caríssima duplicação desnecessária de rodovia para que ônibus com portas no lado esquerdo possam parar.
             Os custos dessa duplicação fazem do corredor de ônibus Gama / Santa Maria / Plano-Piloto o corredor mais caro do Brasil: mais de R$ 530 milhões para asfalto, alguns pontos de ônibus e algumas passarelas de pedestres para 33 km. Justamente nessa 2a feira, durante uma chuva à tarde, uma passarela de metal e concreto desabou sobre a rodovia. 
               Que a obra é inútil, nós já explicamos várias vezes: o número de passageiros do Gama e Santa Maria (mais de 80 pessoas por hora) deve ser transportado por metrô, que leva 1.400 passageiros em cada trem. Um ônibus bi-articulado leva apenas 140/150 passageiros espremidos.
                Além disso, as ruas não cabem mais essa quantidade de ônibus. O alargamento das rodovias - no caso a BR-040 - apenas causará um gargalo nas entradas do Gama, Santa Maria e do Plano-Piloto, que se estenderá por kilômetros.
                Finalmente, esses ônibus usarão portas no lado esquerdo, exigindo a construção de pontos no lado esquerdo, passarelas para os pontos do lado esquerdo e viadutos para o encaixe desses corredores nas ruas e rodovias do DF.
                Agora, a primeira passarela desaba. O consórcio da construtora atribui o desabamento à ventania da chuva! Brilhante! 
          Uma chuva de verão derruba uma passarela de metal e concreto construída pelos construtores do corredor de ônibus !
            Vamos então fazer as perguntas mais simples:

1- Essa é a qualidade da obra que o governo Agnelo Queirós / Tadeu Filippelli querem dizer que é o modelo de transporte de Brasília? 

2- O material a ser usado em toda obra será dessa qualidade?  

3- A obra não deveria ser paralisada? 


4- O TCU e o MPF não deveriam ser chamados para vistoriar a qualidade da execução da obra? 


5- E se fosse durante o funcionamento? E se estivessem em cima da passarela algumas dezenas de coitados que terão de se espremer nos ônibus? 

    Teriam morrido todos? 

6- No dia 18 de setembro de 2012, com apenas aproximadamente 15% da obra começada, o GDF colocou uma placa, anunciando que o valor da obra havia subido para R$ 785 milhões! 

   No dia 19 esse blog e o blog de Chico Santanna publicaram as fotos da placa e o GDF apagou os valores no dia 20 de setembro. Porque?



             Aguardamos as respostas.

 
 Foto de Luã Mathaus, feita logo após o desabamento, ainda durante a chuva daquela tarde

Imagens da TV Globo Brasília, em que um caminhão-grau é acionado para tentar levantar a passarela
             Enquanto isso, continuamos defendendo o cancelamento desses corredores de ônibus e a construção da Linha 2 do Metrô, que ligará com conforto, segurança e velocidade as cidades do Gama e Santa Maria ao Plano-Piloto.
               

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

         POLUIÇÃO SONORA DOS AVIÕES INVADE AS ÁREAS PRESERVADAS. AERONÁUTICA NEGA APESAR DE FOTOS E VÍDEOS...


        Em Brasília, além do transporte terrestre estar em um caos crescente, o transporte aéreo também ameaça acabar com a qualidade de vida da antiga "Brasília, Cidade Jardim". Em 2005, começou a funcionar a nova pista do Aeroporto Internacional de Brasília, que levou quase 10 anos entre obras e paralisações judiciais.
         Desmataram mais de 100 mil m2 de cerrado, tudo em nome do progresso...Os moradores das áreas vizinhas tiveram uma óbvia queda da qualidade de vida, com o ruído das turbinas durante o dia inteiro.
         Agora, de 2010 em diante, a poluição sonora se espalhou por várias áreas afastadas do próprio aeroporto, pois as rotas de aproximação e decolagem foram alteradas. Por uma decisão de um burocrata alheio à qualidade de vida dos habitantes de Brasília e sem consultar a população, para saber se ela concordava com isso, as rotas de aproximação foram concentradas sobre a região do Jardim Botânico e do Lago Sul.
       Surpreendentemente, o Comando Militar das Aeronáutica nega que os aviões passem por aquela rota em baixa altitude, em manobra de pouso, como pode ser visto na cópia da resposta do brigadeiro Maurício Ribeiro Gonçalves, comandante do Cindacta 1.

Em vermelho sublinhamos a parte do texto que nega a possibilidade de escuta de qualquer ruído das aeronaves, já que estariam em grande altitude ou seriam apenas ruídos das aeronaves no aeroporto, que estariam muito afastadas, por estarem "em direção oposta"...


E as assinaturas dos dois assessores jurídicos do Cindacta e do brigadeiro comandante. Será que ele  tinha noção do que seus assessores afirmavam?

   

              O que podemos fazer é apenas mostrar agora, em primeira mão, algumas fotas tiradas hoje (17/nov/2012), com uma máquina sem grandes recursos, em que se pode ver claramente um jato de passageiros de duas turbinas (um Airbus A-320 da TAM), já com os trens de pouso baixados, luzes acesas, em procedimento de aproximação para pouso...
              O avião seguinte (um Boeing 767), passou a menos de 2 minutos de distância, o que nos leva a crer que há um perigoso excesso de aviões em fila no aeroporto de Brasília. Esse excesso de vôos e já foi inclusive denunciado pela greve dos controladores de vôo em 2007.
              O  pouso do Airbus da foto , que pelo assessor técnico do Cindacta - é imaginário -  ocorre ao ritmo de 1 avião a cada 3 minutos pelas manhãs. Isso sem falar dos aviões que pousam às 04 horas da madrugada, desrespeitando até a lei do silêncio.

Airbus A-320 em manobra de pouso, com os trens de pouso baixados, luzes acesas e flaps baixados. Tudo isso é imaginário ou não existe, de acordo com o relatório do assessor técnico do Cindacta, que nega os aviões estarem usando a região do Jardim Botânico e Setor Dom Bosco do Lago Sul como rota de aproximação...

        
Na próxima postagem colocaremos um vídeo com uma sequência de matinal de aviões "inexistentes", fazendo aproximações de pouso "inexistentes" e emitindo poluição sonora "inexistente". Um grande abraço a todos!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012





PDOT É RASGADO. CINGAPURA NOS PLANEJARÁ OS PRÓXIMOS 50 ANOS DO DF?


Publicado em 24/10/2012
A publicação original foi no blog http://urbanistasporbrasilia.wordpress.com/ , do qual tomamos a liberdade de replicar







Esse é o modelo para Brasília que está sendo preparado pelo GDF : Transporte Público rodoviário em uma cidade de espigões e apertamentos. fonte: http://www.ambiencia.org






No início de outubro, Brasília tomou conhecimento de uma notícia surpreendente: o GDF está assinando contrato, sem licitação, com a empresa de consultoria internacional Jurong International, de Cingapura, no valor de R$8.600.300,00 para desenvolver um projeto batizado de “Brasília 2060” onde será produzido o “Plano Estratégico e Estrutural da Região da Grande Brasília” para os próximos 50 anos, além de Planos Diretores Conceituais de 4 mega-projetos no DF:
a Cidade-Aeroportuária e Aeroporto Internacional (5000 hectares) a ser instalado nos arredores de Planaltina;
um Parque Industrial (600 hectares) – ampliação do Polo JK, que fica em Santa Maria;
um Parque Logístico (260 hectares) a ser construído entre Samambaia e Recanto das Emas;
um Distrito Financeiro (150 hectares) denominado Centro Financeiro Internacional, a ser instalado perto de São Sebastião.


O projeto prevê a construção de bairros-parque – que vão reunir espaços para habitação, trabalho e lazer – em cada um dos quatro polos do Brasília 2060.


A minuta do Termo de Referência a ser desenvolvido pela Jurong informa que a primeira reunião com a consultoria ocorreu em maio de 2011, e que a contratação pretende estabelecer diretrizes e reservar áreas na direção norte e nordeste do DF para “futuros desenvolvimentos”.


De acordo com o documento inicialmente haverá a “identificação de conjuntos industriais prioritários” a serem implantados no quadrante norte/nordeste do DF para um período de 50 anos. Após a identificação dos conjuntos industriais prioritários para o DF, o projeto “Brasília 2060″ passará à elaboração do Plano Estrutural da Grande Brasília, onde serão definidas “as visões de desenvolvimento para o local em termos de planejamento de espaços, o uso misto, as inter-relações e conectividade e a qualidade da área de desenvolvimento”, com os seguintes produtos:
Objetivos do planejamento
Grande Plano de Leiaute Conceitual
Plano Geral de Uso do Solo
Tabela Geral Quantitativa de Distribuição de Uso do Solo
Análise SWOT
Plano de Hierarquia Viária




Cingapura: uma cidade superpovoada, poluída de arranha-céus, sem casas, sem verde, sem meio ambiente, em que não há mais espaços livre. Esse é o modelo que queremos para Brasília?


Ainda de acordo com o Termo de Referência, após as definições do “Plano Estrutural da Grande Brasília”, a consultoria Jurong fará uma estimativa geral de demanda de água, energia elétrica, gás, telecomunicações, produção de esgotos e resíduos sólidos.


Aqui cabe uma observação: há uma clara inversão do processo de planejamento, onde as limitações ambientais são ignoradas para definir padrões de ocupação do território, ao contrário, são apresentadas como somente uma variável a ser ajustada (buscar água em Goiás, importar energia elétrica acima da capacidade instalada, exportar esgotos e lixo para algum lugar etc).


Essa sequência de ações são repetidas para cada Plano Diretor dos 4 mega-projetos encomendados pelo GDF. É importante ressaltar que o projeto do Aeroporto-Cidade é tratado no documento em conjunto com um projeto de Aeroporto Internacional, indo bem além do noticiado inicialmente, um mero aeroporto secundário de cargas.


Não identificamos no documento qualquer menção à programas de intercâmbio ou formação de profissionais brasileiros eventualmente envolvidos com o projeto “Brasília 2060″.


Por fim, é importante destacar que nos itens finais do documento a consultoria se exime, dentre outros, de fazer “análise detalhada social, demográfica e econômica, pesquisa detalhada de topografia, vegetação, solo, corpos d’água, avaliações de campo ou terreno, análise detalhada de impacto de trânsito, Estudo de Impacto Ambiental e verificação de conformidade com normas e códigos locais“.






Percebe-se que o projeto “Brasília 2060″ pretende alterar o perfil econômico e social do DF, por meio da priorização de atividades industriais em uma unidade da federação criada fundamentalmente para ser a sede dos órgãos do Governo da República Federativa do Brasil, cujo perfil econômico é terciário por excelência.


O escopo do contrato inclui diversos itens próprios do PDOT, um documento complexo cuja elaboração demandou mais de 6 anos e que foi aprovado pela Câmara Legislativa do DF por volta de Junho de 2012. O que o GDF está propondo é uma transformação estrutural do DF que demandaria extrema cautela e profundas discussões com diversos segmentos da sociedade e não somente uma apresentação na mídia noticiando a assinatura irresponsável de um contrato desse porte.


No próximo post , além de registrarmos as fortes reações do meio arquitetônico e político brasiliense, analisaremos outros aspectos da notícia. Nesse sentido indicamos a leitura do artigo do arquiteto Thiago de Andrade:


http://www.atelierparalelo.com/1/post/2012/10/acerca-do-contrato-entre-gdf-e-a-jurong-consultants.html






Participe também do abaixo-assinado contra a contratação da Jurong Consultants


http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2012N29747

Agnelo abandona de vez as linhas 2 e 3 do metrô do DF

Por Chico Sant’Anna, publicado originalmente na Brasília 247
Modelo preconizado pelo GDF prevê três mil novos ônibus rodando, todos com a superada tecnologia de motor a diesel. Não haverá bilhete único. Ainda sem previsão de data, VLT poderá atender o Eixo Monumental.
Muito tem se dito sobre o projeto de transporte coletivo para Brasília. Uma hora tem metrô, noutra não tem. O Veículo Leve sobre Trilhos – VLT vai e volta nos planos oficiais, o Veículo Leve sobre Pneus – VLP desapareceu. Em seu lugar apareceu o BRT que agora foi batizado de Expresso DF. Para passar a limpo, para ver o que de fato deve ser feito no Distrito Federal fui beber direto na fonte. Duas horas de conversa com o secretário de Transportes do DF, José Walter Vasquez.
As linhas 2 e 3 – no croqui marcadas em verde e vermelho – previstas para o metrô de Brasília foram descartadas pelo projeto de transporte coletivo de Agnelo Queiroz. No lugar de trens, passageiro vai continuar a se locomover de ônibus, porém em vias expressas.
De cara, José Walter transmitiu uma notícia, a meu ver, bastante negativa. As linhas 2 e 3 do Metrô estão fora dos planos do Governo do Distrito Federal. Se depender da administração Agnelo Queiroz, a linha 2, denominada Inter-satélites – que interligaria Ceilândia, Samambaia, Taguatinga Norte, Recanto das Emas, Riacho Fundo 2, Gama e Santa Maria com interligação com a linha 1 no Setor O de Ceilândia e em Taguatinga, nas estações Praça do Relógio e Taguatinga Sul, permitindo que todos os moradores pudessem usufruir da comodidade de um transporte confortável, seguro e confiável – foi sepultada. Os brasilienses, potenciais usuários destes trajetos, vão ter que se contentar mesmo é com o velho e conhecido ônibus.
A outra linha abandonada, a de número 3, partiria de uma estação comum à linha 2, na altura do Balão do Periquito, na confluência de Gama, Recanto das Emas e Riacho Fundo II. Ela atenderia parte do Park Way, Núcleo Bandeirantes, Candangolândia, Octogonal, SIA, Sudoeste, Cruzeiro, teria uma integração na Estação Shopping da Linha 1 e, na altura da antiga rodoferroviária, desceria, pelo Eixo Monumental, até a Praça dos 3 Poderes.
Leia também:
No governo Agnelo, somente a Linha 1, já existente, ganhará obras de ampliação. De um lado, se prolongada até o Setor Comercial Norte. Na outra extremidade, tanto na perna de Samambaia, quanto na da Ceilândia onde faltam, em cada via, duas estações. A expansão dessas duas linhas está prevista na verba do PAC da Mobilidade a ser custeado pelo governo federal.
Entretanto, o GDF está se propondo a alongar, antes mesmo de concluir o que estava previsto no trecho já em operação. Projetada nos anos 90, a Linha 1 previa no trecho já construído cinco outras estações que foram parcialmente executadas nas administrações anteriores. No Plano Piloto, ainda precisam ser finalizadas três estações: a da 104 Sul, a do Cine Brasília, na 106 Sul, e do antigo cine Karim, na 110 Sul. No percurso até Taguatinga também foram abandonadas as estações “Estrada Parque”, em Águas Claras, próximo à faculdade Processus, e a Oynoyama, no parque homônimo. Mas a conclusão destas estações que poderiam trazer mais conforto aos usuários do metrô não está nos planos de Agnelo.
Também ficará para um futuro governo levar o metrô até o final da Asa Norte com mais sete estações. Nos sonhos de consumo do secretário dos Transportes, esta linha do metrô subiria rumo a Sobradinho, até o Balão do Torto. Estudos foram encomendados à Universidade de Brasília para avaliar a viabilidade técnica de se vencer o aclive existente entre a ponte do Bragueto e o Torto. Uma hipótese seria uma linha em zig-zag, o que poderia beneficiar os moradores do início do Lago Norte e também do Varjão.
Este prolongamento do metrô, contudo, é um sonho e nem no papel ele está. Na verdade, mais plausível, é a opção de se criar um corredor expresso de ônibus para interligar as regiões de Sobradinho e Planaltina à Asa Norte.
Como a área destinada à integração dos serviços de transportes no final da W.3 Norte foi vendida a um grande supermercado de origem francesa, uma estação de integração deverá existir ou nas proximidades do Bragueto ou do Balão do Torto, onde está prevista a Cidade Digital.
Para tanto, já se estuda a ampliação da Ponte do Bragueto, capacitando-a a ganhar as faixas de ônibus expresso e, eventualmente, de metrô ou VLT, dependendo da opção tecnológica a ser adotada, em ambos os sentidos.
O trecho entre o Aeroporto e o Setor Policial Sul deverá ser atendido por VLT a partir de 2015. VLT não estará disponível para a Copa, em 2014.
VLT 
A novela do VLT, uma espécie de bonde moderno, ganhou mais um capítulo. Depois de ser enterrado e de o Brasil ter, inclusive comunicado à FIFA, que esta obra não mais faria parte dos compromissos da cidade sede, o VLT ressuscitou. Como estão garantidos pelo governo federal os recursos para a sua execução e a fundo perdido – ou seja, o GDF não precisa pagar de volta – deve ser construída a linha ligando o Aeroporto à Estação de Integração ônibus/metrô, no Setor Policial Sul. A obra está orçada em cerca de R$ 260 milhões, dos quais o GDF teria que entrar com uma contrapartida de apenas R$ 15 milhões.
A licitação, no entanto, só deve ser lançada no ano que vem. A obra não visa mais a Copa do Mundo. A meta seria entregar este corredor de VLT em 2015. O edital de licitação deverá prever a suspensão dos trabalhos nos períodos dos jogos de futebol, pois o GDF não quer canteiro de obra nas fotos os turistas que aqui virão.
Com isso, a chegada dos turistas que chegarem de avião dar-se-á mesmo é de ônibus, por meio de um corredor expresso até o Setor Policial Sul. Resultado: a Estrada Parque Aeroporto, aquela que vai do Balão do Aeroporto – Bambolê da Dona Sarah, como diziam os pioneiros – ao viaduto do Zoológico, vai ter uma largura semelhante ao do Eixão. O asfalto vai invadir as laterais da via hoje existente para dar espaço, de cada lado, ao serviço de ônibus BRT, ou expresso DF, como passou a ser batizado por Agnelo. Estas faixas serão destinadas também aos ônibus e delegações que virão às duas Copas. Outra faixa será utilizada pelo VLT e duas outras para carros.
O governo federal repassou R$ 100 milhões para as mudanças viárias. A viabilização dessa obra obrigará a Petrobrás a fazer uma proteção especial em concreto – envelopar, segundo o termo técnico – ao duto que leva querosene de aviação e que está hoje enterrado às margens da EPAr. Também implicará numa autorização especial das autoridades de meio-ambiente, pois desde os tempos do governador Arruda, os trabalhos de ampliação lateral estão proibidos, pois ali é uma área de proteção ambiental.
O trajeto do VLT não está nem detalhado. Ainda não se sabe se na área do Aeroporto ele passará pela via já existente, ou se por detrás das concessionárias. Tudo depende do remanejamento do posto de combustível e do estacionamento dos taxistas que operam por ali. De lá, irá até a Estação de Integração no Setor Policia Sul, sem paradas. Por nossa sugestão, a secretaria vai estudar a possibilidade técnica de existir uma parada na porta do Jardim Zoológico, até para garantir demanda de passageiros nos fins de semana e feriados.
No governo Agnelo, só este trecho do VLT deverá ser executado. A ampliação até o fim da W.3 Norte ficará para um futuro ainda não definido. Entretanto, a secretaria estuda duas outras linhas. Uma circular no Eixo Monumental que teria dois percursos: o longo, circulando num anel que iria da Praça dos Três Poderes à Rodoferroviária, e um curto, contornando na Altura do Memorial JK. A segunda linha sairia do Setor de Indústria e Abastecimento, passaria pelo Octogonal, Sudoeste, Praça do Buriti, Setor Noroeste e terminando o circuito na Estação de Integração da Asa Norte, onde metrô, VLT e ônibus se encontrariam, segundo os projetos.
A BR-40, que dá acesso ao Gama, Santa Maria e os municípios do Entorno Sul – num total de quase um milhão de habitantes – vai ganhar via expressa de ônibus articulados. Transformação do Trem Bandeirante em trem regional não sensibiliza secretária de Transportes do GDF. Foto: Chico Sant’Anna.
Apesar da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste – Sudeco estar realizando estudos de viabilidade técnica da transformação da linha do trem Bandeirante em trem regional, pelo menos de Luziânia até Brasília, José Walter Vasquez não é um grande entusiasta da idéia. Alega que a linha não tem trajeto adequado e que demandará uma arquitetura de transporte intermodal muito grande. São ônibus municipais, intermunicipais e interestaduais, que implicam em muita negociação com os prefeitos das cidades do Entorno por onde o trem passaria, além do próprio governo de Goiás. Desta forma, a aposta da administração Agnelo, segundo seu secretário de Transportes, é mesmo o uso de ônibus comuns e articulados. Serão três mil ônibus novos, explica José Walter Vasquez. Vale lembrar que uma composição de metrô equivale a, aproximadamente, dez ônibus. Mesmo assim, o GDF preferiu abrir mão do transporte sobre trilhos.
A licitação de escolha das empresas que irão operar as rotas – organizadas sob a forma de bacias – está em banho-maria. Uma liminar obtida pelo grupo Canhedo, da Viplan, não deixa dar continuidade a escolha dos empresários que irão atuar no sistema. O grupo Canhedo, com empresas laranja, foi afastado administrativamente do processo licitatório, mas conseguiu uma decisão temporariamente favorável a seus interesses. Caberá à Justiça decidir se ele tem idoneidade para continuar prestar o serviço de transporte na Capital Federal. O brasiliense corre o risco também de continuar a conviver com empresas de propriedade do ex-senador Waldir Amaral, da Viva Brasília, e de Nenê Constantino – que responde processos por homicídio –, patriarca do Grupo Áurea, uma holding de 38 empresas de transporte terrestre, cobrindo sete Estados brasileiros e o Distrito Federal, além da Gol e da Webjet.
Os novos ônibus deverão usar o novo óleo diesel produzido pela Petrobrás que é menos poluente, mas que, comparado com os padrões europeus, continuam muito agressivos ao meio-ambiente.
Questionado por que o GDF não exigiu uma nova fonte energética para este transporte, tais como gás natural e energia elétrica, José Walter diz que reconhece que o óleo diesel é uma tecnologia obsoleta e que em 20 anos já não mais deverá existir. Salientou, contudo que, na visão dele, não haveria garantia de abastecimento de gás natural no DF para os ônibus e que não há, salvo na China, experiências demonstrando a eficácia do uso massivo de ônibus elétrico.
Atualmente, o Distrito Federal é abastecido de gás veicular transportado por meio de caminhões tanques, mas já foi elaborado um estudo de interligação do gasoduto que vai da Bolívia a São Paulo, com 903 quilômetros de extensão, passando pelo Triângulo Mineiro, Anápolis (GO) e Goiânia. O gasoduto terá capacidade de transporte de 5,57 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Além de ser mais barato do que o óleo diesel, o gás natural é menos poluente, mesmo assim, nem a título experimental, o GDF previu o uso deste combustível. Ao ser indagado pelo sistema inglês de ônibus elétricos do tipo trólebus implantado para as Olimpíadas de Londres, o secretário desconversa e diz que sete anos após a assinatura do contrato com as empresas concessionárias, o GDF poderá exigir tecnologias diferentes, se assim julgar necessário.
TCB de fora
A companhia de Transportes Coletivos de Brasília, TCB, não irá atuar em nenhum das novas linhas, nem mesmo como empresa espelho, forçando as empresas privadas a proverem serviço de qualidade. A presença dela na licitação, que poderia ser um mecanismo para reduzir custos ou evitar o famoso “combinemos” entre as empresas interessadas não acontecerá.
Embora ainda exista formalmente, o GDF de Agnelo não quer uma empresa estatal atuando efetivamente na capital federal. Para Vasquez, a TCB teria que contratar pelo menos dois mil novos profissionais e a gestão de recursos humanos, bem como de manutenção da frota, por meio de uma empresa estatal é muito complicada.
À TCB caberia atuar como empresa laboratório, experimentando novas rotas, novas tecnologias e novos combustíveis. Serviços pouco rentáveis e, por isso mesmo, rejeitados pelas empresas privadas. Elas não aceitam ser cobaia de laboratório. Eventualmente, a TCB poderia vir a atuar em algumas linhas de transporte executivo, como a já existente Aeroporto- Setor Hoteleiro Sul – e que ainda não é lucrativa – como, por exemplo, a ligação Águas Claras-Plano Piloto e absorvendo os serviços de transporte escolar, hoje privatizados. Como empresa pública, a TCB pode receber recursos que o Ministério da Educação tem distribuído para compra de ônibus escolares.
Obras físicas e shopping
No dia 16/10, a Câmara Legislativa do DF aprovou a lei que autoriza a contratação pelo GDF de empréstimo de R$ 1,08 bilhão junto à Caixa Econômica Federal. Esses recursos são provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC- 2. O valor representa pouco mais da metade dos R$ 2 bilhões previstos para investimentos no Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU).
Do total a ser contraído no empréstimo, segundo matéria do Correio Braziliense, R$ 561 milhões serão utilizados no que agora está sendo chamado de Expresso DF, que interligará Gama, Santa Maria, Park Way e o Plano Piloto. Segundo o secretário de Transportes, José Walter Vasquez, do Gama e Santa Maria até o início da Asa Sul as obras consumiriam R$ 533,619 milhões.
Para prosseguir até o final da Asa Norte, passando pela Rodoviária a conta subiria para R$ 785,330 milhões. Nestes custos, estaria a construção de uma via exclusiva de ônibus entre o viaduto do Jardim Zoológico e o Eixo, chegando até a Rodoviária. Também prevê a construção de um centro comercial que funcionária como estação de integração nas proximidades da Floricultura do Núcleo Bandeirante. Ali o passageiro poderia optar entre seguir para o Plano Piloto via Epia ou via Aeroporto.
O centro comercial com uma área estimada de cinco mil metros quadrados é assunto polêmico entre os moradores do Park Way. Os moradores, principalmente os que moram na Quadra 14 daquele bairro, são contrários à idéia de um centro comercial nas imediações. Acreditam que não há estrutura viária para atrair um fluxo de carros maior e que uma estação/centro comercial desta natureza iria contribuir para ampliar a insegurança no Park Way. José Walter afirma que se a pressão dos moradores vier a atrasar as obras do pistão de ônibus, ela será descartada.
Outros R$ 517 milhões deverão ser aplicados nas obras do Projeto Eixo Oeste, em intervenções nas avenidas Hélio Prates, Comercial, Samdu, no túnel central, em Taguatinga, no condomínio Sol Nascente e em Ceilândia. Este túnel, que permitiria a travessia do centro da cidade, desde a saída do Trevo do Pistão Sul até as imediações do Estádio Serejão é outra obra polêmica.
Para muitos técnicos, este túnel consumirá milhões em recursos públicos e será apenas mais uma obra faraônica e desnecessária. Para os analistas, ele só iria jogar o engarrafamento para uns dois quilômetros à frente, tumultuando as já tumultuadas imediações do Estádio, próximo às QNLs e a via de ligação Taguatinga-Samambaia. O Projeto prevê ainda obras nas estradas parques Indústrias Gráficas (Epig) e Setor Policial Militar (Espm), que geram aproximadamente 50% da demanda por transporte público no DF.
Bilhete Único
Enquanto nas eleições municipais de São Paulo já se discutiu o bilhete mensal de ônibus,aqui em Brasília, ainda não vai ser desta vez que o brasiliense terá direito a usar o bilhete único. Esta modalidade de tarifação, utilizada em cidades como Goiânia, cobra um único valor independentemente do número de ônibus e metrô que o passageiro vier a ser obrigado a pegar para chegar a seu destino.
Segundo José Walter, o bilhete será integrado. Em outras palavras, o passageiro pagará pelo maior valor de passagem dos ônibus que vier a pegar num mesmo trajeto. Exemplificando: se um morador do Gama subir num ônibus circular local com destino a linha do BRT para o Plano Piloto, ele passará o seu cartão e terá debitado o valor da passagem do primeiro trajeto. Ao mudar para o BRT, terá que passar novamente o cartão e, como este trajeto é mais caro, lhe será debitada a diferença entre o primeiro e o segundo valor. Se ao chegar ao Plano Piloto, o passageiro que saiu do Gama precisar ir até Sobradinho, ele passará novamente o cartão magnético, mas não lhe será nada debitado, segundo garantiu o secretario de Transportes.
A diferença entre bilhete único e bilhete integrado é que no primeiro, o valor é um só, independentemente do valor do trajeto viajado.
A licitação das empresas que irão operar estes ônibus terá como referência o valor máximo da remuneração que os empresários receberão. Eles receberão por passageiro transportado e não por quilômetro rodado. A segunda metodologia permite que uma linha bastante rentável subsidie outra mais fraca, ou mesmo os custos em se manter benefícios a estudantes e idosos. Mas o GDF optou por pagar em passageiro transportado sob a alegação de que assim os ônibus não boicotarão passageiros nas paradas.
Na concorrência, o valor de referência a ser pago aos empresários é fixado inicialmente em R$ 2,80 por passageiro transportado. Neste valor, as empresas já teriam uma lucratividade de 12%. Ganhará a empresa pré-qualificada que propuser o menor valor abaixo deste teto. O valor final ao passageiro ainda não é conhecido, mas dificilmente irá ser menor do que o hoje cobrado.
As obras do BRT do Gama estão com a conclusão previstas para o segundo semestre do ano que vem, portanto depois da realização da Copa das Confederações. A entrada em funcionamento dos ônibus neste trecho e na Estrada Parque Taguatinga, que no governo Arruda foram chamadas Linhas Verdes e Amarela, é apontada para junho de 2013, isso se não houver mais imprevistos na licitação das empresas concessionárias.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Essa crônica é de  Tamine Maklouf , que escreve para o blog do Ricardo Noblat. Resolvi reproduzi-la, pois mostra a preocupação de um país do 1º mundo com a mobilidade de sua população na 3ª idade. Será que isso tem haver com o fato deles serem um das maiores economias do mundo? Acho que tem muito a haver.


Poucas coisas me impressionam tanto quanto a qualidade de vida que os idosos têm aqui na Alemanha. Imagino que nos países escandinavos deve ser bem melhor, mas não são deles que estou falando.
A qualidade de vida é algo que leva à longevidade. E a longevidade do alemão têm feito a festa da indústria em vários setores. Desde agências de viagens especializadas no público da “terceira dentição” (não me julguem, não fui eu que inventei esta expressão), até softwares especialmente pensados para eles.
São serviços todos dedicados às necessidades de um público que não está mais tão “fit” assim - o que é muito relativo, visto que eu fiz um teste dia desses em uma academia e descobriu-se que meu preparo físico é pior que de muitas senhoras que andam de patinete por aqui.
Uma das facetas mais interessantes deste boom é a grande gama de gadgets que estes senhores e senhoras podem adquirir para que sua vida seja ainda mais confortável, mesmo em meio a doenças e solidão – sempre ela. São aparelhos que facilitam o cotidiano e evitam “ajuda de estranhos” no dia-a-dia.
Numa tentativa de inspirar os fabricantes da indústria brasileira, queria comentar aqui sobre alguns destes super acessórios que fazem qualquer vida ficar mais digna.
Para começar, para quê evitar a escada e passar pelo stress de se mudar para um apartamento quando chegar na terceira idade se você pode adquirir o incrívelTreppenhilfe? Com este adereço instalado no seu corrimão, o céu é o limite. É só ligar o botão, sentar na cadeira e o mecanismo te leva trilho acima.
Se o objetivo for não abrir mão dos banhos de banheira, aqueles que muitas vezes acabam em queda, você dispõe de uma série de engenhocas fáceis de instalar. O mais interessante deles é o Badenlifte, uma espécie de mini elevador para a banheira, composto de travesseiros empilhados que murcham para entrar na banheira, e inflam para ajudar a sair. Genial.
Há também a opção de banheiras com portinha, banheiras para ficar sentado e outros tipos de elevadores mais refinados e techs. Contudo, paga-se o olho da cara por esses produtos. Mas, se você realmente for alemão, se preparou financeiramente para esse momento de sua vida.
Mas o mais incrível – e popular! - dos gadgets, na minha opinião, é o Rollator: um andador cheio de recursos, como freio e banco acoplado. Em uma pesquisa informal, foi constatado que é desejo dos consumidores de faixa etária avançada que o fabricante crie um apoio de Tablet para o Rollator (Tamine Maklouf).


terça-feira, 18 de setembro de 2012

E Brasília caminha para se tornar África

Ou como Agnelo e Filippelli estão afundando a Qualidade de Vida para essa e para as Próximas Gerações
(2ª Parte)

Uma grande aliança ocorreu para evitar a implantação das 4 linhas de Metrô no Distrito Federal: em primeiro lugar, os donos das empresas de ônibus recusaram-se a integrar seus caixas com o caixa do metrô, impedindo a Integração.

Com a Integração, o passageiro compraria uma única passagem que seria válida para andar em vários meios de transportes: Metrô, Ônibus, Vans...

Ao final do dia, seria dividida a participação de cada um através de um sistema único de caixa eletrônico. Simples e eficiente.

Três problemas básicos: acabaria com as possibilidades de sonegação, eliminaria  o caixa dois e reduziria a importância política dos ônibus, que passariam a abastecer o metrô como principal veículo de massa para transporte de passageiros.

Em segundo lugar, as obras de metrô, apesar de caras, passaram a ser muito bem fiscalizadas pelos Tribunais de Contas e pelos Ministérios Públicos. Os Tribunais de Contas foram muito eficientes nas duas tentativas de concessão do Metrô-DF, impedindo o processo. Da mesma forma, o Ministério Público descobrira fraudes do projeto do VLT, causando a demissão do então presidente José Gaspar de Souza e do Diretor Técnico, José Dimas.


Ao alto, José Gaspar de Souza. Abaixo, José Dimas. Ex-presidente e ex-diretor do Metrô-DF. Ambos denunciados pelo Ministério Público do DF na Operação Bagre. O modo de agir de José Gaspar lhe valeu o apelido de "Gasparzinho" (- o fantasma camarada-) entre os metroviários.


A partir daí, houve um desinteresse de vários políticos do DF a executarem obras de metrô, que eles passaram a chamar de "caras" e de "longo prazo".

Em terceiro lugar, consolidou-se o lobby de escritórios de projetos, bancos financiadores e empreiteiras. Esse conjunto passou a vender um pacote pronto chamado "BRT" (Bus Rapid Transit), que inicialmente tentaram chamar de "metrô sobre pneus", ou VLP (Veículo Leve sobre Pneus). Como diz meu amigo Renato Zerbinato, Veículo Leve sobre Pneus é Bicicleta!

Os BRTs são basicamente um projeto de alargamento de ruas, com uso de mão invertida e ônibus com portas do lado esquerdo, trafegando em vias segregadas.

Com forte necessidade de obras para execução do projeto (estações, passarelas, muros, asfaltamento), esses projetos eram apenas as adaptações dos sonhos dos donos de ônibus: ruas só para ônibus.

O impacto dentro das cidades desses BRTs é dramático: barreiras urbanas de concreto, ruas transformadas em pistas de alta velocidade, isolamento de cidadãos sem poderem cruzar as ruas, alta emissão de CO2 e de ruídos, degradação das zonas urbanas, com fuga de moradores e decadência comercial das áreas.

O primeiro modelo de BRT foi o sistema de Ônibus de Curitiba. Foi justamente construído por que Curitiba fora excluída do programa federal de construção de metrôs, ao longo da década de 1970.

Sua ideia foi copiada e implantada em um país em guerra civil na América Latina, a Colômbia.  Para um país tomado pelo narco-tráfico e por políticos corruptos, o BRT de Bogotá (o Transmilenio) inicialmente parecia uma boa solução. Porém em menos de dois anos, seus fortes impactos negativos começaram a incomodar a população, que tem realizado constantes manifestações pedindo sua substituição por metrôs.


Abaixo, uma concentração normal de passageiros em uma estação inicial do Transmilenio, em Bogotá . Como podem ver, o número de passageiros não cabe dentro dos ônibus. Um ônibus de 140 passageiros não cabe os 1.400 passageiros de um trem de metrô. Por isso, a solução correta seria a implantação de um metrô. Mas a máfia do transporte rodoviário naquela cidade nem quer ouvir falar em metrô...



 Vocês podem observar que o Transmilenio não acabou com os congestionamentos. É só observar a rua ao lado, na foto acima...o Transmilenio de Bogotá é assim: lotado.
Periodicamente, quando ocorre algum aumento no preço das passagens, ou quando as chuvas interrompem a circulação dos ônibus, a população explode em revoltas, como em março de 2012, abaixo.




Em Brasília, os projetos das Linhas 1, 2 3 e 4 do Metrô sumiram. Em seu lugar, exatamente no desenho de suas linhas, apareceram os projetos de Corredores de Ônibus. É lamentável que o atual vice-governador do DF Nélson Tadeu Filippelli, que foi secretário de Obras do DF por oito anos (1999 a 2006), esteja trabalhando tanto para enterrar os projetos modernos de mobilidade.

Agora, vejam que a Linha Verde do BRT de Brasília é exatamente o trecho central da Linha 1 do Metrô, entre Taguatinga e o Plano Piloto:


Acima , o mapa da Linha do Metrô, abaixo o mapa da Linha Verde (EPTG). Reparem que em verde está a linha do metrô, totalmente paralela e redundante !

Agora, observem o projeto das Linha 2 e 3 do Metrô, que sairiam de Santa Maria e do Gama. São quase totalmente a Linhas do BRT Sul. As Linhas 2 e 3 do metrô são as linhas vermelha e verde, respectivamente



Para facilitar a visualização do desenho do BRT, aqui abaixo está uma ilustração da própria Secretaria de Transportes do DF. É bem claro que o BRT é uma cópia piorada do projeto das Linhas 2 e 3 do metrô.



Em poucas palavras e algumas ilustrações, pode-se ver que o Governo do DF está gastando quase R$ 1 bilhão em asfalto e concreto, quando poderia gastar esse valor nas conclusão da Linha 1 e na construção das Linhas 2 e 3 do Metrô-DF.

Dentro de mais alguns dias, seguirá outra atualização dessa série sobre a destruição da Qualidade de Vida do Distrito Federal. Um abraço a todos !