quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A Linha Verde que é Cinza

Para explicar por que a obra da Linha Verde, a duplicação da EPTG é um desperdício de recursos públicos (dinheiro e tempo), é necessário contar um pouco da história do metrô de Brasília.

A principal razão para a criação do metrô no Distrito Federal -como em qualquer outra cidade do mundo - foi a saturação do transporte rodoviário. No caso do DF , a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) principal via de ligação de Brasília às cidades satélites de Samambaia, Ceilândia, Taguatinga, Águas Claras e Guará estava caminhando para a saturação e se tornava inviável para o transporte

Em 1990, um grupo de trabalho, chamado Grupo Executivo do Metrô, dirigido pelo secretário de Obras José Roberto Arruda, apresentou o relatório final, comprovando a incapacidade da EPTG fazer o transporte da população e apontando o veículo rápido de massa (metrô) como a solução.


















Imagem da EPTG, a futura "Linha Verde",
que antes de funcionar, já demonstra a
saturação do transporte rodoviário e o
gasto inútil de R$ 250 milhões

A explicação era simples: um trem de metrô leva 1.350 passageiros a cada 3 minutos de intervalo a uma velocidade de 80 km/h. Um ônibus bi-articulado lotado leva até 120 passageiros a cada 3 minutos de intervalo a 30 km/h ou 40 km/h.








Um ônibus bi-articulado, com
motor poluente atmosférico e
sonoro, leva no máximo,
120 passageiros.









Um trem de metrô de 4 carros, movido a eletricidade, sem
emissão de gases ou poluição
sonora, leva 1.320 passageiros.

O governador Joaquim Roriz assinou o relatório apresentado pelo secretário Arruda e abriu a licitação que deu origem à construção do Metrô-DF.

Em 2007, o governador José Roberto Arruda assinou um empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, endividando o DF, para realizar uma duplicação da EPTG. Custo total anunciado da obra: R$ 250 milhões.

Mas como se gasta 250 milhões com uma obra que ele mesmo havia mostrado que seria inócua e desnecessária? Por que gastar tal fortuna em uma obra que é apenas a duplicação de uma estrada, com o uso das pistas centrais para um corredor de ônibus com padrão de portas e acesso fora dos padrões brasileiros?

Como se gasta R$ 250 milhões em uma obra que será inútil, pois o próprio construtor sabe que o transporte rodoviário está saturado e não há solução a não ser o transporte rápido de massa?

Essa pergunta é a pergunta dos técnicos em transporte que viram esse projeto ir adiante.

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